pELO Prof. Renato Las Casas (30/06/03)
Estamos invadindo Marte!
Podemos dizer que essa invasão começou em 1960 com a sonda "Marsnik 1" (ou "Mars 60 A") da antiga União Soviética. Foi a primeira tentativa de se mandar uma nave que passasse perto de Marte.
Infelizmente porém essa missão fracassou logo no início. A "Marsnik 1" não conseguiu sequer ficar em órbita da Terra; um dos primeiros passos em uma viagem espacial.
De lá pra cá foram várias as missões terrestres à Marte. Nem todas bem sucedidas. Marte é o planeta para o qual enviamos o maior número de naves, mas também é o planeta com o maior número de missões fracassadas. No relato que se segue mencionamos aquelas missões (bem sucedidas ou não) que acreditamos deram passos significativos em nossa "invasão ao planeta vermelho".
Em 1963 a "Mars 1", também da União Soviética, se aproximou de Marte, passando apenas a 190.000 Km de seu alvo.
O sucesso dessa missão só não foi maior devido à perda de contacto entre a base soviética e a nave, quando essa ainda se aproximava de Marte.
Pouco mais de dois anos depois a "Mariner 4" da NASA (Agência Espacial Norte Americana) diminuiu bastante a distância de aproximação, passando a apenas 9.825 Km desse nosso vizinho.
Nessa sua passagem obteve as primeiras imagens "em close" mostrando detalhes de Marte na época tidos como "impressionantes".
Foram vinte e duas imagens da superfície marciana, com destaque para a visualização de várias crateras, principalmente no hemisfério sul do planeta.
Em 1971 a "Mars 2" da União Soviética lançou uma sonda ao solo de Marte. Esse foi o primeiro artefato humano a alcançar a superfície marciana. Ele não teve uma descida suave como planejada e se espatifou na queda.
Poucos dias depois a "Mars 3", também da União Soviética, teve mais sucesso. O artefato lançado por essa nave executou o primeiro pouso suave em Marte.
Chegou a transmitir dados a partir da superfície marciana, porém por poucos segundos. (Os problemas instrumentais que impediram o seu funcionamento são hoje creditados ao fato da sonda possivelmente haver descido no meio de uma tempestade de areia.)
Também em 1971 a nave "Mariner 9" da NASA entrou em órbita de Marte, tornando-se o primeiro satélite artificial desse nosso vizinho. Com as 7.329 imagens de "alta resolução" obtidas, foi feito um mapeamento global da superfície marciana.
Foram obtidos indícios "surpreendentes" da presença passada de água líquida na superfície marciana através de formações que nos lembram leitos de rios secos; lagos; etc. Foram também colhidos dados sobre as atividades eólicas marcianas; tempestades de areia; etc.
Nunca é demais lembrar que, segundo as teorias mais aceitas, "água líquida na superfície de um planeta" quer dizer "condições propícias para o desenvolvimento de vida".
Encontrarmos evidências da presença passada de água líquida na superfície de Marte pode ter sido o início de um grande passo para o nosso conhecimento acerca da vulgaridade da vida pelo universo.
Em 1976 tivemos um grande avanço no nosso conhecimento da superfície e do clima marcianos com as naves "Viking 1" e "Viking 2" da NASA. As naves ficaram em órbita e cada uma enviou uma sonda ao solo.
As naves em órbita nos enviaram mais de 52.000 imagens, com as quais foi possível levantar com boa precisão a topografia de mais de 97% do solo de Marte. As sondas em solo nos enviaram cerca de 4.500 imagens mais dados sobre clima e solo.
Nos vinte anos que se seguiram após o lançamento das naves "Vikings", houveram apenas três missões a esse nosso vizinho; todas sem sucesso.
Em 1996, entretanto, foram enviadas duas das mais bem sucedidas missões até hoje enviadas a Marte. Em novembro foi lançada a "Mars Global Surveyor" (MGS), da NASA, que se encontra em órbita marciana desde março/98. Em dezembro foi lançada a "Mars Pathfinder", também da NASA, que levou um "robot" ao solo marciano.
A missão "Pathfinder" constou de uma nave em órbita, uma sonda em solo e um "jipinho" que percorreu aproximadamente 100 metros em torno da sonda, pesquisando solo e rochas.
A MGS se encontra em órbita de Marte há mais de cinco anos, devassando a sua superfície e atmosfera.
O seu principal objetivo é fazer um mapa topográfico preciso da superfície marciana; porém a sua mais importante descoberta, até hoje, foi a existência de sulcos, muito possivelmente abertos recentemente por água. Essas formações são encontrados em encostas de canais, crateras, etc.
Esses sulcos, segundo a teoria mais aceita, indicam a existência de lençois subterrâneos de água e seriam formados quando da ejeção para a superfície, a grande pressão, da água contida nesses lençois.
Note que confirmando-se a existência desses lençois de água, a "procura por vida no passado" de Marte fica transferida para a "procura por vida atual" em Marte. (Estamos falando evidentemente de vida microscópica. Marte atualmente não tem e acreditamos que nunca tenha tido condições para o desenvolvimento de formas mais complexas de vida.)
Uma outra nave que se encontra em órbita de Marte é a "Mars Odyssey", também da NASA. Ela foi lançada em 07 de abril de 2001 e se encontra em órbita marciana desde outubro desse mesmo ano. Os seus principais objetivos são: Conhecer a constituição da superfície marciana; detectar água próxima à superfície; detectar radiações danosas ao homem; etc.
Recentemente foram divulgados dados obtidos pela "Odyssey" que parecem indicar a existência de uma grande quantidade de água congelada nas calotas polares marcianas. Esse gelo de água ficaria sob uma fina camada de gelo de dióxido de carbono. Durante o verão, com a sublimação de parte desse dióxido de carbono, uma maior radiação emitida pelos átomos de hidrogênio das moléculas de água pode ser captada pelos detectores da Odyssey.
Além da MGS e da Odyssey, que continuam com suas missões em Marte, em janeiro próximo quatro outras naves estarão chegando a esse nosso vizinho.
Estamos invadindo Marte! Os objetivos principais dessa invasão são a busca por vida, no passado ou mesmo no presente, e dados visando a exploração humana futura. Esse será nosso assunto em Invasão à Marte - 2. Aguarde.
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